quarta-feira, 30 de julho de 2014

O mal crônico dos covers em Teresina

Nossa cidade tem e teve uma cena musical bastante rica, que varia do baião às batucadas nervosas, passando por nuances de pop e rock, e até eletrônico. Entretanto, se pensarmos friamente e realizarmos um levantamento de todas as bandas atualmente em atividade, boa parte delas são covers. E ainda: aproximadamente 75% é rock.
Nada contra o rock – aliás, muito pelo contrário...tudo a favor! (quem me conhece sabe...)– mas porque tantos covers? Posso lhes apontar pelo menos três motivos que levam a essa carência do autoral no nosso estado, e pelo menos um deles é uma tecla já bastante batida aqui no nosso blog: a falta de incentivo governamental.
Mas... “à Cesar o que é de Cesar”. A culpa é também, grande parte, do público consumidor da música piauiense – ou da ausência dele. Ainda tem-se relativa rejeição à festas nas quais não tenha nenhuma banda “mais conhecida”, ou que faça algum som “mais massivo”, no sentido de penetração frente ao grande público.
E com isso eu posso, sem medo de errar incluir todos os segmentos, desde o bom e velho bate-coxa do forró até o empurra-empurra frenético das rodas punk.
No alto de meu ser leigo tô esquecendo de atribuir também parte da culpa também na terceira ponta deste tripé, que são as próprias bandas, que tem vontade de crescer, mas esbarram em outras questões (principalmente ligadas ao financeiro) que acabam impedindo qualquer salto mais ousado.
A internet facilitou, E MUITO, a conexão entre as pessoas e o compartilhamento de seus gostos, além da divulgação das bandas sendo elas autorais ou não. Mas nenhuma mudança é suficiente se não mudarmos O OLHAR:
Mudar o olhar do músico, de sempre buscar renovar-se e criar algum som mais identificável com o público local – e com isso eu não quero dizer que levanto a bandeira do triângulo e da zabumba – com temas e letras menos de nicho e mais fluidas, com mais frescor.
Mudar o olhar das instâncias governamentais, de perceber que cultura é um traço importantíssimo para que seja fortalecida a identificação com a sua terra, para além de ser um elemento unificador e acima de tudo, universalizante.

E mudar o olhar do público, para que sintamos e nos apropriemos do que foi, é e será produzido no nosso quintal. E ao mesmo tempo em que admirarmos um artista nacional e/ou internacional, tenhamos também uma referencia local para a boa música. E que nada disso passe com ares de obrigatoriedade, e sim pelo simples olhar...e se permitir.

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