segunda-feira, 12 de maio de 2014

A música piauiense antes da divulgação na internet – Anos 60, 70 e 80


Apesar de pouco estudada, ou citada pelos meios de comunicação e/ou estudos acadêmicos até os anos 2000, a musica piauiense já era atuante desde algum tempo antes, na década de 60, a partir da figura icônica de Torquato Neto, letrista e poeta de vida e carreira meteóricas.
Torquato não produziu um conteúdo substancial de obras que fossem voltadas diretamente para o estado ou mais especificamente no estado, mas certamente deixou a sua marca em composições bastante conhecidas, sendo que algumas a maioria das pessoas nem sabe que são de composição dele, como Geléia Geral e Louvação, de Gilberto Gil, Deus Vos Salve a Casa Santa, Ai de Mim, Copacabana, Mamãe, Coragem, de Caetano Veloso, Lua Nova e Pra Dizer Adeus, de Edu Lobo, dentre outras. Torquato teve ainda influências no cinema, literatura e teatro.
Geraldo Brito
Geraldo Brito, músico piauiense que acompanhou a formação das primeiras gerações da música produzida aqui, afirma categoricamente que as pessoas da época mal tinham consciência do que estava sendo produzido aqui naquela época.
“[...]ninguém tem. Eu acho que agora, a partir da década de 2000, houve essa procura, está se formando mais essa coisa do apanhado histórico. A faculdade resgatando, os alunos indo atrás. Eu acho que a partir dessa década de 2000 a gente pode retomar isso.[...] Eu acho que essa minha geração nem se preocupou com isso, bateu essa coisa de fazer tudo autoral, fazer composições próprias”, afirma Brito.
Maria da Inglaterra
Caminhando para os anos 80, podemos destacar o trabalho árduo a partir dos poucos espaços de cultura existentes no estado (Ginásio Verdão e Teatro 4 de Setembro), que deram vazão ao trabalho de artistas como o próprio Geraldo Brito, Cruz Neto, Maria da Inglaterra, Laurenice França, Grupo Varanda, Rubeni Miranda, André Luiz e Júlio Medeiros, Rosinha Amorim, dentre outros.
Grande parte desses mesmos artistas também produziram seus próprios shows no teatro durante esse período. Além dos artistas piauienses já citados, podemos destacar outros nomes como Edvaldo Nascimento, Lena Rios e Lázaro do Piauí fazendo shows no teatro.
Edvaldo Nascimento
Como nomes surgidos a partir da década de 80, valem ser ressaltados também Edvaldo Nascimento, um dos sobreviventes ainda na ativa, Durvalino Couto e Ronaldo Bringel, que juntamente com outros músicos, gravaram coletâneas que remontavam aos festivais que aconteciam em Teresina à época, mas nada com grande notoriedade no que diz respeito aos cenários regional e nacional.

Coletânea "Geléia Gerou"
A partir da segunda metade da década de 80, surgem diversos grupos, formados em sua maioria por jovens entre dezenove e vinte e cinco anos, influenciados diretamente pelo “Rock Nacional”. Uma nova geração de compositores e músicos começa a ocupar na capital piauiense os espaços da música popular e a delimitar outra forma de produção musical cuja demanda de público já se fazia presente na cidade, inclusive em locais de tradição social mais conservadora como, por exemplo, os colégios de orientação católica, mas ainda sem grande projeção.
Coletânea Cantares
Na contramão disso, surgiram bandas de rock que tiveram coragem de desatar os nós do incentivo público e gravaram inclusive LPS independentes, como é o caso das bandas Avalon e Megahertz. Junto com elas surgiu um esboço do que se tornaria o movimento rock teresinense a partir dos encontros que aconteciam na Praça Pedro II,e que se tornaram mais pujantes quando do surgimento do Projeto Boca da Noite, na metade dos anos 90, no espaço Ozório Júnior, Clube dos diários.
Capas dos LP's independentes do Megahertz e Avalon
O que podemos auferir, desde esses primeiros passos da música piauiense, é sempre o marasmo e a falta de incentivo dos gestores, que sempre impuseram regras e condições que nem sempre agradavam ambos os lados. E assim continua até hoje, de um jeito ou de outro.

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